Uma casa pode ser chamada como tal se não estiver ninguém lá dentro para a habitar? Uma casa aguarda corpos que a ocupem, que dela façam refúgio, prolongamento, pedaço de terra.
Esta casa, já ali estava, herança de outros – mobiliário antigo, papéis de parede colados em cima uns dos outros. As casas, sobrevivem às pessoas. Talvez passem a ser museus, fósseis em larga escala, décor de cinema.
Quisemos respeitar o que encontrámos e filmar o que acontecesse. Quatro dias, sete bailarinos e a pandemia a fazer o seu cerco à nossa volta, definhando os nossos movimentos no mundo.

Lá dentro a coreografia tinha espaço e tinha eco, inscrevia-se nas paredes como na pele, a intimidade era ainda possível.
Anfitriãs esperam os seus convidados, preparadas que estão para a festa – as festas são distrações, momentos de fantasia, lugar de erotismo e sedução. Cada um quer ver-se de perto, reconhecer-se, deixar-se ver pelos outros, de forma a sentirem que ainda são pessoas… Lá fora a floresta cresce, assombrações batem nas janelas agora mesmo. A casa ainda lá está.

Sara Carinhas | 21 fevereiro 2021

Realização/Direction
Olga Roriz

Intérpretes/Performers
Catarina Câmara, Connor Scott, Emanuel Santos, Marta Lobato Faria, Melissa Cosseta, Natalia Lis, Yonel Serrano

Assistente de realização, câmara e montagem/Direction assistant, camera and edition
João Rapozo

Luz/Light
Lee Fuseta, João Rapozo, João Costa

Correção de cor/Color Grading
Lee Fuzeta

Música/Music
João Hasselberg

Assistentes de produção/Production Assistants
Bruno Alves, Ricardo Domingos

Assistentes estagiárias/Interns Assistents
Clara Bourdin e Ieva Bražėnaitė

Produção/Production
Companhia Olga Roriz

Coprodução/Coproduction
Centro Cultural de Belém, Teatro Aveirense, Câmara Municipal de Viana do Castelo /
Teatro Sá de Miranda

Apoios/Support
Nômada Lisboa, DuplaCena, Maison Nuno Gama

Agradecimentos/Gratitude to
Henrique Pina, Valter Franco, Violeta Lisboa, Sara Carinhas


Can a house be called such if there is no one inside to inhabit it? A house waits for bodies to occupy it, to make it a refuge, an extension, a piece of land.

This house was already there, an inheritance from others – old furniture, wallpaper stuck on top of each other. Houses outlive people. Perhaps they will become museums, large-scale fossils, movie sets.

We wanted to respect what we found and film what happened. Four days, seven dancers and the pandemic making its siege around us, withering away our movements in the world.

Inside, the choreography had space and an echo, it was inscribed on the walls like on skin, intimacy was still possible.

Hostesses await their guests, ready to party – parties are distractions, moments of fantasy, a place of eroticism and seduction. Everyone wants to see each other up close, to recognize each other, to let themselves be seen by the others, to feel that they are still people… Outside, the forest is growing, hauntings are knocking on the windows right now. The house is still there.

Sara Carinhas | February 21, 2021