Estreia a 29 de Abril de 2016, Centro Cultural de Ilhavo
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Por onde reabrir caminho, qual o tema, a terra, o objetivo?
À procura de nós, dos nossos detritos.
Em frente… sempre em frente não olhar para trás.
Olhos fechados sem querer pensar, o frio, o medo do frio, a fome.
Ali em lugar nenhum, lugar perdido, duro, rasgado.
Ali, o lugar da ânsia do desconhecido. Memórias de estômago vazio.
A escuridão, o corpo colado a outro corpo e a outro e a outro…
O filho de encontro ao peito, cobertor às costas e malas, sacos, bonecos, entre uma outra pequena mão de carne e osso.
Pés devastados, pisados de cada poeira. As pedras…
O céu espesso, um céu aberto e a cabeça a estalar. Já não se sabe da dor, já se perdeu a ira.
A dúvida, a insegurança e a pequenez cansa.
Perdido o mínimo poder, perdida a dignidade, cansa.
Demolida a última réstia de humanidade, cansa.
E porquê eu?
Olga Roriz | Out. 2015
Direção
Olga Roriz
Intérpretes
Beatriz Dias, Carla Ribeiro, Marta Lobato Faria,
André de Campos, Bruno Alexandre,
Bruno Alves e Francisco Rolo
Seleção musical
Olga Roriz e João Rapozo
Música
Aphex Twin, Ben Frost, Dahfer Youssef,
Gavin Brayers, Max Richter, Two Fingers
Cenografia e figurines
Olga Roriz e Paulo Reis
Desenho de luz
Cristina Piedade
Vídeo e pós-produção audio
João Rapozo
Assistente de direção e dramaturgia
Paulo Reis
Assistente de ensaios
Raquel Tavares
Montagem de luz
Frederico Godinho e Marco Jardim
Operação de luz
João Cachulo
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Companhia Olga Roriz
Diretora e coreógrafa
Olga Roriz
Produção e digressões
Ana Rocha
Gestão
Patrícia Soares
Formação e Residências
Lina Duarte
Premiere on April 29, 2016 at Centro Cultural de Ílhavo
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Where should I start, with which topic, land or aim?
In search of ourselves, our own waste.
Straight ahead… straight ahead without looking back. Eyes closed and ignoring the cold, the fear of the cold, the hunger.
There in the middle of nowhere, a hard, torn, forgotten land.
There, the place of longing for the unknown. Remembering what you’ve never known.
The darkness, your body glued to another body, and another, and another…
Her son pressed to the chest, wrapped in a blanket, and suitcases, bags and dolls in another small hand of my own flesh and blood.
Dusty, weary feet… Ah, the stones…
A heavy sky, a clear sky and a throbbing head. No longer aware of the pain, the rage has passed.
Tired from all the doubt, insecurity and insignificance.
Tired from having not even the slightest power or dignity.
Tired from losing the last glimmer of compassion.
Why me?
Olga Roriz | October, 2015